terça-feira, 17 de março de 2009
Dor?
A quantidade de vezes que vai querer morrer porque existem todas aquelas vozes do Bradesco e dos comerciais e dos aeroportos e das certezas das pessoas. Você vai agüentar o peso do pescoço, a dor de cabeça, o dedão da mão formigando e virando pra fora? As almofadas que caem de madrugada e você acha que chutou alguém frágil. Mas não tem ninguém. O susto que sempre vem, todo dia, e o resto do dia pra se recuperar dele. O nojo da comida? O azedo subindo o tempo todo e o medo de explodir no meio da rua? Tudo ficando murcho no seu corpo? O quanto o mundo é intolerável, insuportável e das outras pessoas? Nada disso é pra você. Não percebe? Você vai? Acha mesmo que vai? Só amar as pessoas odiando? Dormir de forma tão medíocre. Acordar de forma tão medíocre. Ter medo de absolutamente tudo que ocorre fora dessa sala em silêncio? E mais ainda dessa sala em silêncio? Não chega? Não tá bom? Quantas vezes você ainda vai gastar todo o seu dinheiro pra dar um jeito nessa dor? Quantas vezes ainda vai disfarçar um pouco pra ter um pouco de amigos e amores e famílias. Até que bum. Bum. Bum. Bum. Bum. Buuuuuuum. Não chega? Olha como eu posso ser bonita. E seu cabelo ganha cachos e fica perfumado. O buraco da barriga ganha carne. Seu olho direito volta. É verde com cílios enormes. Tudo volta. A flor amarela é tão linda. Olha como eu sou atraente. Não quer mesmo? Eu sou sozinha e terrível e você também. Vamos colocar um fim nisso?
Não.
Tati Bernardi.
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